sexta-feira, 3 de junho de 2011

Magistério:sacerdócio e vocação.É claro que não!!!!

Um grande número de pessoas está acompanhando a luta dos trabalhadores da educação em Goiânia.É muito triste constatar que  a situação está igual em  todos os municípios do nosso país. O descaso e falta de respeito com os trabalhadores é geral.Quando chega as eleições, os políticos querem se aproximar da classe, mas no momento de lutar pela melhoria  acontece essa pouca vergonha.

Assistindo o vídeo das falas dos educadores, fiquei indignada pelo pouco caso e atenção davam.E o pior que ofendiam os trabalhadores.
Sonho com uma mobilização nacional da classe em que todos exijam respeito, salários e condições  dignas de trabalho.
Chega desse discurso que pra ser trabalhador da educação deve ter vocação e é um sacerdócio!!!
Qualquer coisa se aprende estudando, e  profissão se escolhe por afinidade com a atividade, mas isso não significa se deixar explorar por esse motivo.
Já se perguntaram quem começou esse discurso?
Hoje vou esclarecer através de um breve histórico do magistério no Brasil como surgiu esses chavões do nosso meio, e que tentam justificar exploração e salários baixos.


Desde a colonização, a  maioria das escolas brasileiras estava ainda sob a administração dos jesuítas, e estes cuidavam apenas da educação dos homens. Durante todo o período colonial, a mulher  esteve  afastada da escola e suas atividades atribuídas como naturais para o seu sexo era costurar, bordar, cuidar da casa, do marido e dos filhos. 
 Em 1827, a Lei de 15 de Outubro criava as primeiras escolas primárias para o sexo feminino em todo o Império. Como naquela época, no Brasil e também na Europa, as aulas eram dadas em turmas separadas por sexo, para isso foi preciso que se admitissem mulheres para lecionar nas turmas femininas; sendo assim criadas as primeiras vagas para o magistério feminino.Algumas correntes de pensamento propunham que havia diferenças "naturais" entre homens e mulheres. As mulheres cabia socializar as crianças, como parte se suas funções maternas. Como o ensino primário era entendido como extensão da formação moral e intelectual recebida em casa,  foi fácil admitir que a educação das crianças estaria melhor cuidada nas mãos de uma mulher.
Quando a industrialização dos meios de produção se encontrava sedimentada e em expansão em várias regiões da Europa, na segunda metade do século XIX, a força de trabalho feminina não se fazia mais tão  necessária aos donos do capital. Era necessário encontrar mecanismos sociais que restabelecessem os velhos valores da ideologia patriarcal e o  ideal cristão de feminilidade foi instituído.O trabalho filantrópico tornava-se assim uma forma legítima de atividade feminina, caracterizado como um trabalho não pago, de caráter moral e religioso, que proporcionava a oportunidade das mulheres de classe média se movimentarem na esfera pública.
Na função de professores (as) as relações de gênero também reforçavam as diferenças sobre os níveis salariais: as professoras ganhavam menos do que seus colegas do sexo masculino, embora a legislação previsse que os salários devessem ser iguais para ambos os sexos.Mas até os salários dos homens eram baixos, pois a educação não era valorizada(grande novidade).Baixo prestígio profissional foi se instalando e um homem estar nessa profissão era  desonroso .
Em 1871, foi promulgada a lei de criação de Escolas Normais em Minas Gerais. Previam a frequência comum de homens e mulheres em lições alternadas. As escolas atrairam um maior número de moças do que de rapazes na província mineira. Os rapazes eram originários das classes trabalhadoras, as moças das camadas mais favorecidas da população, pois esta era a única oportunidade oferecida  para a continuidade de seus estudos. 
Ensinar crianças era um atributo feminino, era um trabalho para virtuosos, cujas ações deveriam se pautar no amor e não nas recompensas materiais. Representantes oficiais e militantes do partido republicano afirmavam ser o magistério uma profissão para vocacionados, devendo dela se afastar aqueles que não simbolizassem o amor ao trabalho de ensinar.
Enquanto os homens buscavam novas oportunidades de trabalho mais bem remuneradas, as mulheres iam sendo chamadas, em nome de suas qualidades morais superiores, para ocupar esse campo de trabalho abandonado. 
A profissionalização da mulher no magistério público deu-se em meio ao entendimento de que a educação escolar era uma extensão da educação dada em casa.Logo, a função de mãe na família era estendida à escola pela pessoa da professora.Estava assim criado o círculo que permitiria a profissionalização do magistério feminino. As mulheres, mães e educadoras por natureza.O conceito de vocação era usado como mecanismo eficiente para induzir as mulheres a escolherem profissões menos valorizadas socialmente. Melhor dizendo, em nome da natureza feminina e de sua vocação natural, as mulheres foram assumindo o magistério como profissão adequada para o seu sexo, já que o papel que lhes era exigido na escola era o mesmo que lhes era imputado na família.
O magistério esteve assemelhado ao sacerdócio, devido a dedicação exigida e também, e ao conceito de vocação, pela associação da função de primeira educadora dos filhos às funções de alfabetizadora na  escola. No entanto, alguns pesquisadores apontam para utilização da idéia de sacerdócio como fator explicativo dos baixos salários da profissão e poucos investimentos na educação pública. A fim de desvelar o conceito de vocação, alguns estudos admitem que ele  foi utilizado como mecanismo de  legitimação do preconceito contra o sexo feminino. 
Trabalhar como professora e  se sujeitar a uma baixa remuneração fazia parte do perfil vocacional das mulheres.

O mais triste é ouvir esses chavões nos dias de hoje de professoras com graduação, pós e mestrado.
Como ainda podemos nos deixar manipular por esses tipos de discursos??Tem cabimento reproduzir um discurso de 1827 em pleno século XXI??? 
ACORDEM!!
 Fontes usadas:

TRAJETÓRIA DE FEMINIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO E A (CON)FORMAÇÃO DAS IDENTIDADES PROFISSIONAIS
PROFISSIONALIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO FEMININO: uma história de emancipação e preconceitos

7 comentários:

  1. Desde quando professores recebem baixos salários? Vocês recebem salário inicial maior que a maioria das profissões que exigem muito mais estudo e dedicação, recebem mil e um regalias e ficam reclamando? Criem vergonha na cara!

    Agora, é preciso sim dar segurança de trabalho e escola digna!

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    1. VC faz o que? VC já foi a uma escola? VC já ficou quatro horas numa sala de aula com 30 crianças? VC no seu trabalho já ficou quatro horas sem ir ao banheiro? Já ficou sem beber agua? Já ficou de pé quatro horas ou mais quatro e mais quatro? Como VC fala de regalias ? O q VC sabe sobre essa profissão dign

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  2. Quem deve criar vergonha na cara é o mocinho que nem deve ter terminado os estudos.O que vc entende e sabe da área pra opinar?O que sabe dos estudos e seus valores?Ter alguns blogs,comentar de carros e digitar poesias não te qualifica para criticar e achar que conhece de um assunto.

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  3. Quanto a meus estudos, sim, estudei, e muito!
    O que eu entendo da área? Conheço colégios e universidades como minha casa, fui representante estudantil, membro de conselhos, aliado de professores por algumas vezes, ativista ambiental e social e por ai vai...

    E o que você entende de trabalhar? Todos que trabalham de verdade, para pagar seu salário, sonham com um emprego na vagabundiçe pública! Apenas 15% dos funcionários públicos trabalham, e estes que trabalham não reclamam de salários, pelo menos aqui no Paraná os salários dos professores são muito bons, todos tem carros do ano, roupas de marca, ficam viajando, e trabalham muito mal, não ensinam ninguém, e como eu disse, sei muito bem o que estou falando!

    Contudo existem existem os professores que merecem toda nossa admiração e respeito, são verdadeiros heróis da educação, se dedicam, se importam se o aluno está aprendendo, são atenciosos, fazem até mais do que deveriam fazer, mas estes são menos de 5% da classe, e nunca estão vagabundeando em greves, pois sabem que isto só prejudica os pobres alunos.

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  4. Não sou da época que ser funcionário público é sinal de ser sossegado.Fazer blog e criar artigos pra fazer conta no twitter é profissão?Sou uma simples professora e uso o blog como ferramenta.Arrume um emprego!Pare de ser troll.
    Se quiser ter fama, comece a escrever algo
    de sua autoria.E pra sua informação é direito de qualquer trabalhador fazer greve LEI Nº 7.783.

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  5. Acho interessantes alguns comentários que alguns fazem. Não sei qual a real ideia de uma pessoa que não é da área, criticar algo que não entende, só sabe o que a TV mostra. Acho que esse eh um tipo de comentário de quem que se promover, sendo Troll. A já sei como vou promover meu nome: É só fazer comentário agressivo (mesmo eu sendo ignorante ao assunto) que irá gerar polemica, ai serei conhecido!

    Isso eu acho que coisa de quem não sabe como trabalhar!! Viver de trabalho dos outros, a não respeitar!!!

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  6. Você está certíssima Tane, está na hora de levarmos informação a sociedade e tirar o professor deste papel que a mídia impõe.
    Infelizmente, como bem podemos ver, ainda existem pessoas que são informadas pela televisão, não possuem senso crítico e capacidade mínima de reflexão, repetem chavões da tv, coisinhas que passam nas reportagens da globo. Desconhecem a realidade do ensino, a história da profissão, desconhecem as dificuldades de uma sala de aula e todas as mazelas do sistema.
    Graças a Deus a nossa classe está acordando deste pesadelo, já está diminuindo o número de profissionais porque as pessoas se deram conta que ser professor, apesar deste mito que a mídia coloca de que é uma profissão fácil, é de uma responsabilidade enorme.

    Quem reclama do professor sãoa queles que nem sabe que lugar a educação do Brasil ocupa no ranking, precisam do google para responder coisas básicas como isto.

    Na rede pública, é um dos profissionais menos remunerados e, levando em consideração que toda profissão precisa de um professor, chega a ser algo hilário.

    Não vamos baixar a cabeça para críticas de quem ainda vive na ignorância, são estas pessoas os melhores termômetros daquolo que estamos falando. Precisamos mesmo incitar esta reflexão, para que acordem para a realidade. Não desista!!

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